Trauma(Pandemia)-ChicoDoCrato e Boris Cyrulnik
Boris Cyrulnik autor do livro, Falar de amor à beira do abismo
ChicoDoCrato-Adaptação, música, voz, violão, sintetizador e arranjo.
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Baixem o Livro e o MP3 no link http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/5764569
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Enquanto o trauma não tem sentido,
fica-se paralisado, aturdido, abestalhado, embaralhado
por um turbilhão de informações contrárias
que nos tornam incapazes de decidir.

Mas, como se é obrigado a dar um sentido aos fatos  e objetos  que nos “falam”,  temos um meio de iluminar a neblina provocada por um trauma:  
o relato.  
A metamorfose do acontecimento em relato se faz por meio de uma dupla operação: pôr os acontecimentos fora de si e situá-los no tempo .
Pela sucessão dos relatos, opera-se um trabalho de religação e uma atribuição de sentido a posteriori, porém o que ficou impregnado pelo trauma real alimenta sempre representações de lembranças que constituem a identidade íntima dos traumatizados.

Nos grandes resilientes, compartilhar o trabalho de religação pelos sucessivos relatos constitui um projeto necessário à conquista de um sentido.
Mas, para provocar uma representação que dará um sentido de felicidade,
é preciso que esse projeto seja duradouro e diversificado.
Que se encontram não apenas para organizar e continuamente reorganizar suas lembranças, mas também com o projeto de entender,  e agir e usar seu conhecimento em diversas áreas criativas.

A  ética da obra e da vida é indispensável a todos: é uma ética de luta contra o enclausuramento na desgraça, uma recusa da resignação à fatalidade de um destino de vítima. Na medida em que se possa encontrar um tutor de resiliência e que se possa dar sentido ao trauma, surge uma noção muito real e objetiva a respeito da passagem do tempo. Surge também um sentimento de liberação e de ter muita sorte, o que leva a um apetite pela vida, pelo tempo que resta para aproveitar a vida.
B IS
Alguns se tornaram artistas, descobridores de criptas, exploradores de abismos, como os romancistas e os psicanalistas.